Seu pai, que era filho de índia e branco, já
tinha um caminho pelo mundo espiritual, recebendo entidades e praticando
curas com ervas e passes. Sua mãe, de origem cristã, após
o nascimento dos filhos, que chegaram a 16, tornou-se uma parteira de
mão cheia e reconhecida rezadeira.
Este foi o ambiente em que Baixinha cresceu, sempre acompanhando o
pai em suas práticas. Ele recebia os caboclos Seu Tira Teima
e Seu Teimoso que também transmitiam seus ensinamentos à
Baixinha. A partir do contato com os escravos libertos, seu pai ia adquirindo
conhecimento sobre os Orixás.
Suas primeiras manifestações mediúnicas apareceram
em torno dos 9 anos e um episódio curioso que Baixinha conta
é sobre sua clarividência.
Um dia foi à cidade e, andando pela rua, viu um homem chorando
muito. Ao olhá-lo com mais atenção, percebeu que
ele tinha um prego cravado em sua cabeça e ao lado, um espírito
zombeteiro ria do sofrimento que provocava. Baixinha não compreendeu
porque ninguém via o que acontecia, nem faziam nada. Ela então
foi até o homem e retirou o prego. Este começou a beijar
suas mãos e lhe agradecer muito, chamando a atenção
dos passantes.
Baixinha cresceu como um espírito livre, vivendo sua mediunidade
e guiada por suas entidades.
Mesmo com sua espiritualidade, Antônio era um homem
autoritário e violento e as atitudes da Baixinha provocavam nele
fortes reações e os espancamentos cruéis eram freqüentes.
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