Conheci a Baixinha em 1973, na casa de Fátima Mallas,
a Tatina, onde ela cuidava de sua filha Ana Paula. Logo chamou minha atenção
aquela mulher pequena, muito ativa, que me falava de um mundo que eu já
ouvira e do qual queria me aproximar.
Tivemos uma simpatia mútua e eu, progressivamente, comecei a mergulhar
nos conhecimentos que ela me trazia do mundo dos espíritos, das
curas usando as mãos, das ervas e da Umbanda. Ela foi me contando
sua história que mais parecia saída de um livro de aventuras.
Nascera em 1936, no noroeste do Estado do Rio de Janeiro, na localidade
de Pirapitinga, próxima à cidade mineira de Além
Paraíba. Sua mãe, Maria, era filha de um rico fazendeiro,
em cuja fazenda seu pai, Antônio, era boiadeiro.
Para desgosto dos pais de sua mãe, ela se apaixonou por Antônio
e como era costume no interior, quando os pais de uma moça não
aceitavam um namoro, os namorados fugiam e isso criava uma situação
social em que os dois tinham que casar.
Seu avô se aborreceu tanto que não quis seguir esse costume
e mandou outro empregado da fazenda atrás para matar Antônio.
O casal conseguiu fugir a cavalo para longe e o avô, então,
deserdou sua mãe.
Eles passaram a enfrentar imensas dificuldades de vida e quando Arlete,
este é o nome da Baixinha, nasceu ela era tão pequenina
que foi colocada em uma caixa e guardada junto ao forno para se aquecer.
|